terça-feira, 9 de março de 2010

Educação: quem é o responsável?

Muito tenho ouvido falar a respeito de educação. De quem seria a responsabilidade. Da escola? Da família? De ambos? Na minha opinião, de toda a sociedade. Todos somos responsáveis pela educação, pelos bons exemplos, pela orientação, e quanto mais próximo, pela correção.


Não adianta fechar os olhos do que as crianças ou jovens fazem, e quando algo de mais grave ocorre, acharmos culpados externos.

A família é o berço da boa educação. Desde pequena, a criança tem que se habituar a conviver com os limites, com o respeito ao próximo, aos mais velhos.

O que vemos hoje em dia, porém, causa arrepios. Os pais de um adolescente que foi punido por ter pichado a sala de aula, reclamou da escola. Uma mãe, indignada pelas notas baixas da filha, bateu na professora.

Qual o sentimento ético que estes adolescentes terão, ao verem seus pais apoiando seus erros?

A negligência familiar é a maior causa dos descaminhos, não tenho a menor dúvida.

Uma vez o capitão Oscar Bessi Filho, entrevistado no Programa Falas e Fatos, deu um exemplo bem claro: “Tem pai que dá de presente para o filho, no Natal, um Playstation 2, que custa mais de 500 reais. Mas este mesmo pai reclama quando tem que comprar um livro de 30 reais”. Quantos destes exemplos nós conhecemos?

A educação começa no berço. Depois, não adiante reclamar.

falasefatos.com.br

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia da Mulher

Para a data de hoje, me apoio em artigo da pesquisadora Eva Blay, escrito em abril de 2004, e disponível no site www.piratininga.org.br.


“O dia 8 de março é dedicado à comemoração do Dia Internacional da Mulher. Atualmente tornou-se uma data um tanto festiva, com flores e bombons para uns. Para outros é relembrada sua origem marcada por fortes movimentos de reivindicação política, trabalhista, greves, passeatas e muita perseguição policial. É uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas mas não sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher.

No século XIX e no início do XX, nos países que se industrializavam, o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crianças, em jornadas de 12, 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e freqüentemente incluindo as manhãs de domingo. Os salários eram de fome, havia terríveis condições nos locais da produção e os proprietários tratavam as reivindicações dos trabalhadores como uma afronta, operárias e operários considerados como as "classes perigosas". Sucediam-se as manifestações de trabalhadores, por melhores salários, pela redução das jornadas e pela proibição do trabalho infantil.

Subjacente aos grandes movimentos sindicais e políticos emergiam outros, construtores de uma nova consciência do papel da mulher como trabalhadora e cidadã. Clara Zetkin, Alexandra Kollontai, Clara Lemlich, Emma Goldman, Simone Weil e outras militantes dedicaram suas vidas ao que posteriormente se tornou o movimento feminista.

O dia 25 de março de 1911 era um sábado, e às 5 horas da tarde, quando todos trabalhavam, irrompeu um grande incêndio na Triangle Shirtwaist Company, que se localizava na esquina da Rua Greene com a Washington Place. A Triangle ocupava os três últimos de um prédio de dez andares. O chão e as divisórias eram de madeira, havia grande quantidade de tecidos e retalhos, e a instalação elétrica era precária. Na hora do incêndio, algumas portas da fábrica estavam fechadas. Tudo contribuía para que o fogo se propagasse rapidamente.

A Triangle empregava 600 trabalhadores e trabalhadoras, a maioria mulheres imigrantes judias e italianas, jovens de 13 a 23 anos. Fugindo do fogo, parte das trabalhadoras conseguiu alcançar as escadas e desceu para a rua ou subiu para o telhado. Outras desceram pelo elevador. Mas a fumaça e o fogo se expandiram e trabalhadores/as pularam pelas janelas, para a morte. Outras morreram nas próprias máquinas.

Morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, na maioria judeus.

A comoção foi imensa. No dia 5 de abril houve um grande funeral coletivo que se transformou numa demonstração trabalhadora. Apesar da chuva, cerca de 100 mil pessoas acompanharam o enterro pelas ruas do Lower East Side. No Cooper Union falou Morris Hillquit e no Metropolitan Opera House, o rabino reformista Stephen Wise.

No Brasil vê-se repetir a cada ano a associação entre o Dia Internacional da Mulher e o incêndio na Triangle quando na verdade Clara Zetkin o tenha proposto em 1910, um ano antes do incêndio. É muito provável que o sacrifício das trabalhadoras da Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da luta das mulheres. Mas o processo de instituição de um Dia Internacional da Mulher já vinha sendo elaborado pelas socialistas americanas e européias há algum tempo e foi ratificado com a proposta de Clara Zetkin”

O importante não é saber se o Dia Internacional da Mulher tem a ver com o incêndio ou não. O importante, para mim, é tentar não ver a data como uma comemoração. A data é de luta. De resistência e reivindicação.

Eu temo que logo, logo se transforme em mais uma data festiva e comercial, e o verdadeiro significado seja esquecido.

Temos que apoiar as mulheres nas suas lutas. E pronto,

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quarta-feira, 3 de março de 2010

Meio Ambiente

Muito se fala, todo dia e em qualquer lugar, sobre meio ambiente. Todos, de repente, se tornam especialistas no assunto. Seja quando aparecem toneladas de peixes mortos nos rios, ou quando alguma catástrofe natural ocorre, como os terremotos que atingiram o Haiti e o Chile.

Fala-se de meio ambiente quando reclamamos do calor excessivo deste verão. E vamos lembrar de meio ambiente quando nos queixarmos do frio que nos espera no próximo inverno.
Para todo este destempero do clima temos uma explicação: a culpa é nossa porque estamos agredindo o meio ambiente a séculos.
Fica bonito, numa roda de amigos, ou até entre colegas de trabalho, desfiarmos nossos conhecimentos acerca de ecologia. Ficamos até com orgulho quando as pessoas prestam atenção ao nosso conhecimento sobre o meio ambiente.
Mas este é um conhecimento que está ao alcance de qualquer um. Na Internet, nos livros de ciências, até nos jornais temos informações diárias sobre meio ambiente.
Então, eu pergunto: e daí? O que temos feito com todo este nosso conhecimento? Temos cuidado do Planeta? Temos por acaso procurado consumir produtos que, na sua industrialização não agrediu a Natureza? Será que estamos fazendo a nossa parte?
No final do ano passado a Administração Municipal fez uma campanha de separação do lixo. Pergunto: quantas pessoas estão separando o lixo seco do orgânico em casa? Outra pergunta: será que a mensagem da Prefeitura atingiu a todos os cidadãos?
Todos nós sabemos que os problemas ambientais são problemas de todos nós. Todos nós sabemos o que devemos fazer para agredir menos a Natureza. Então, porque não fazemos?
Porque continuamos a usar carros poluentes, a jogar lixo em local impróprio, a usar mal as fontes de energia. Por quê?
Um dia, quando eu tiver estas respostas, eu quero contar a todos.

*Comentário veiculado no Programa Rádio Visão, da Rádio América, dia 03 de março.

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Acessibilidade

Ontem à noite, na Câmara municipal, houve uma audiência pública para tratar do Plano de Mobilidade Urbana de Montenegro, e também para a apresentação do projeto para o paradão, que vai ocupar o espaço do antigo almoxarifado da prefeitura.

O projeto de mobilidade urbana prevê acessibilidade aos portadores de necessidades especiais.
Mas o que é acessibilidade?
Acessibilidade é um conceito moderno de abordar o tema deficiência.
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas, Acessibilidade garante que pessoas portadoras de deficiências tenham a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbano.
Isto abrange toda e qualquer pessoa que tenha alguma limitação física. Pode ser um cadeirante, um deficiente visual, ou auditivo, ou ainda uma pessoa idosa, que já não tenha a mobilidade da juventude.
O censo de 2000 reuniu alguns dados importantes tanto para a compreensão dos obstáculos à acessibilidade em nossas cidades.
Rgistrou aquele censo que cerca de 14.5% da população brasileira, cerca de 26.5 milhões, apresentam algum tipo de deficiência; os 8.5% de idosos significavam 14 milhões de brasileiros, sendo uma pessoa idosa em 26% dos lares no país. A estimativa é de que, em 2025, 15% dos brasileiros terão mais de 60 anos.
Cnstata-se que em 2000, somadas as pessoas com deficiência e as idosas tínhamos cerca de 40 milhões de brasileiros com mobilidade reduzida, portanto necessitadas de soluções de acessibilidade.
Significa dizer que teremos em 2025 algo em torno de um quarto da população a enfrentar problemas de mobilidade, de acessibilidade e, por conseguinte, de inclusão social, vale dizer, de cidadania.
E não esqueçamos as pessoas com limitações ou com temporárias restrições de mobilidade, como acidentados, mulheres grávidas, crianças e outras.
Isto já foi tratado pelo Governo Federal. Em 21 de dezembro de 2000, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei 10.098, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.
Esta lei foi regulamentada em 2004.
Então vejam, desde 2000 se fala nisso em âmbito governamental. E até agora muito pouco se fez.
Tomara que agora o assunto não fique preso a reuniões e aos discursos.
Os portadores de necessidades especiais agradeceriam muito.
Quem sabe, o agradecimento poderia ser nas urnas.
Em breve, no portal falasefatos.com.br, uma matéria vai abordar esta questão da acessibilidade.

*Comentário veiculado no programa Radio Visão, da Rádio América, dia 02 de março.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Os espertos não aparecem na TV

De tempos em tempos somos bombardeados por áudios e vídeos mostrando pessoas públicas em negociatas escusas. Lembro do chefe dos Correios, pegando um maço de notas e colocando no bolso do paletó, enquanto afirmava: “O Roberto Jefferson sabe de tudo, claro”. Aquelas imagens desencadearam as investigações que culminaram com o descobrimento do esquema que ficou conhecido como “Mensalão”, que consistia em propina a deputados para aprovação de projetos de interesse do governo Lula.


Os envolvidos foram aos poucos sendo cassados, outros foram renunciando para escapar da cassação, outros ficaram quietinhos e alguns até voltaram eleitos ao Congresso Nacional.

A última (ops!, a mais recente – quem dera fosse a última) ocorre no Distrito Federal. Até o governador foi flagrado recebendo sua parte em dinheiro vivo. Outro, presidente da Assembléia Distrital, não sabia direito o que fazer com tanto dinheiro que colocava um pouco nas meias.

O governador está preso (mas vai sair logo), o vice, que assumiu, mas também estava envolvido, renunciou. E aos poucos, em razão do aparecimento de novos assuntos, a mídia pára de se ocupar com estes espertos.

Mas o que me causa medo, mesmo, não são estes que apareceram em vídeos e áudios fazendo suas negociatas com nosso dinheiro. O que me preocupa de verdade são aqueles ainda mais espertos, que se cuidam, não deixam rastro, formam uma quadrilha tão homogênea que ninguém de fora consegue penetrar. Para tanto, conseguem cooptar – seja por que via for – agentes de todos os poderes, para manter um escudo institucional que lhes permite planejar e executar cada plano sem o mínimo temor.

Estes que todos nós vimos pegando dinheiro são os trouxas, os bocabertas, os idiotas.... Os verdadeiros espertos estão soltos, aumentando suas contas bancárias com nossos impostos, e sem nenhum medo do amanhã.

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A CÂMARA ANDANDO PARA TRÁS

Cada vez que se ouve falar em técnicas modernas de administração, o que logo se destaca é a descentralização das decisões. Assim, empresas e entidades que buscam melhorar fluxo e produtividade, procuram criar departamentos dedicados a assuntos específicos, para que as pequenas avaliações e decisões sejam direcionadas aos pontos mais importantes, sem que seja necessário ocupar toda a estrutura administrativa para todas as decisões.


No início do ano passado, ao entrevistar ao vereador Marcelo Cardona, percebi nele esta vontade de implementar comissões internas na Câmara, no sentido de agilizar as análises de projetos e encaminhar os assuntos com mais propriedade. Experiência de sua vivência empresarial.

Mas nesta semana o Legislativo foi contra o que se considera moderno em termos de gestão. Cardona, mais os vereadores Tuco e Laureno apresentaram a proposta da criação da Comissão de Educação, Saúde e Meio Ambiente. Incrivelmente foi rejeitada, justamente por vereadores que semanalmente batem nestes temas durante as sessões.

Não entendo como podem os Edis, que se dizem preocupados com estes assuntos – sobretudo a Saúde, tema preferencial da maioria – decidem que a Câmara não tem que ter um grupo específico para analisar projetos referentes.

O nome disto é ‘andar para trás’, retroceder do ponto onde estavam. É uma pena. Muitos saudaram a renovação de 50% do Legislativo nas últimas eleições. Os três proponentes são ‘novos’. O presidente, Schmitz, idem, mas não vota. Portanto, os ‘antigos’ têm maioria. Ou seja: não adiantou a renovação.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Esqueceram das dez mil pessoas

O carnaval de Montenegro ficou sem o tradicional (deveria ser, pelo menos) desfile das escolas de samba. Uma troca de argumentos, acusações e desculpas por parte da Administração Municipal e das agremiações demonstra que em nenhum momento os representantes dos dois lados pensaram no principal: o povo.


Por certo muitas pessoas se sentiram melhor pela não realização do desfile na Ramiro Barcelos. O comando do policiamento, com certeza, pôde gerenciar melhor o parco efetivo para manter a ordem pública. Os que não gostam da Folia de Momo, devem ter comemorado.

Mas e as dez mil pessoas que compareceram aos desfiles dos últimos anos? Como ficam?

As escolas não conseguem implementar um mínimo de organização. Registrar pessoas jurídicas, formar associação. Enquanto um esforçado Aníbal dos Santos se esforça para fundar uma entidade que reúna as escolas de samba da cidade, os representantes destas não conseguem seguir a mesma linha.

A impressão que passa é que só pensam em organização no mês de dezembro. Aí querem que a Prefeitura repasse o dinheiro, com o qual vão montar um enredo, comprar fantasias, contratar serviço de som e desfilar pela Ramiro. Tudo muito longe do que se vê em cidades próximas, como Estância Velha e São Leopoldo, onde o profissionalismo bate ponto na mesma cadência do surdo de marcação há muito tempo.

A Administração Municipal também não pensou no Povo. A razão precípua da existência de uma liderança municipal (cuidar dos interesses da comunidade) foi deixada de lado na Cidade das Artes. Aliás, este título ficou mais uma vez sem sentido.

Enquanto outras prefeituras próximas, como São Sebastião do Caí e Capela de Santana, com cofres bem menos servidos, contrataram atrações externas para levar ao povo seu ópio, em Montenegro foi entabulada uma quebra de braço com as escolas locais, que desde o ano passado se previa que não tinham muito interesse em organizar-se.

A Administração alega que não pode dar dinheiro a entidades que não estejam registradas. As escolas reclamam que não possuem locais para ensaios. E seguem seus enredos de desculpas, sem pensarem no mais óbvio: qualquer espetáculo é feito para o Povo. É para ele que deve ser pensado um enredo, uma fantasia. É para o Povo que devem ser direcionados os recursos da Cultura e Lazer.

O Povo da Cidade das Artes merecia ser lembrado mais vezes.